Os médicos da Universidade de Maryland, nos
Estados Unidos, desenvolveram uma técnica chamada de “animação suspensa” que
poderia salvar vida de pessoas que sofrem traumas graves no corpo, como
ferimentos de balas ou cortes profundos. Após testes
bem-sucedidos com animais, eles obtiveram autorização para testar em humanos a
“suspensão” da morte. Na técnica, todo o sangue do paciente é retirado e
substituído por um soro gelado, que resfria o corpo a cerca de 10°C e para a
atividade celular. Depois de resolver o problema do paciente, o sangue volta a
ser bombeado, reaquecendo lentamente o sistema. Quando a temperatura do sangue
chega a 30ºC, o coração volta a bater. Em experiência com porcos, cerca de 90%
deles se recuperaram quando o sangue foi bombeado de volta. Cada animal passou
mais de uma hora no “limbo”, ou seja, morto.
“Quando
seu corpo está com temperatura de 10 graus, sem atividade cerebral, batimento
cardíaco e sangue – é um consenso que você está morto. Mas, ainda assim nós
conseguimos trazer você de volta.” disse o professor Peter Rhee.
Segundo Peter Rhee, um dos líderes do procedimento revolucionário, explica que quando o corpo está em sua temperatura normal, as células precisa de um forte suprimento de oxigênio, o que significa que se o coração parar de bater, a pessoa vai morrer rapidamente. No entanto, se a temperatura do corpo foi reduzida, é necessário menos de oxigênio e isso pode dar mais tempo aos médicos para agirem. O procedimento já foi testado com animais. Os animais submetidos a esse teste tiveram poucos efeitos colaterais ao despertar. “De acordo com outro cientista envolvido na pesquisa Samuel Tisherman, eles ficam um pouco grogue por um tempo, mas no dia seguinte já estão bem”. O desafio de obter permissão para testar em humanos tem sido enorme até agora. Mas finalmente Tisherman e Rhee receberam permissão para testar sua técnica com vítimas de tiros em Pittsburgh. Eles querem usar pacientes cujos corações já pararam de bater e que não teriam mais chances de sobreviver, pelas técnicas convencionais.
De acordo com a reportagem, os
esforços para trazer as pessoas de volta do que se acredita ser a morte já
existem há décadas. Tisherman começou seus estudos com Peter Safar, que nos
anos 1960 criou a técnica pioneira de reanimação cardiorrespiratória. Com uma
massagem cardíaca, é possível manter o coração artificialmente ativo por um
tempo.
Ainda de acordo com a BBC Brasil, Tisherman causou um frisson quando anunciou
que está pronto para fazer testes com humanos. As primeiras cobaias seriam
vítimas de armas de fogo em Pittsburgh, na Pensilvânia. Nesses casos, são
pacientes cujos corações já pararam de bater e que não teriam mais chances de
sobreviver, pelas técnicas convencionais.
E no caso de lesões, foram realizados vários testes para avaliar se houve dano
cerebral. Aparentemente nenhum animal apresentou problemas. O único problema
que pode ser evidenciado é ver como os pacientes se adaptam com o sangue de
outra pessoa. Os porcos receberam o próprio sangue congelado, mas no caso dos
humanos será necessário usar o estoque do banco de sangue. Se der certo, os médicos acreditam que a técnica poderia ser
aplicada não só vítimas de lesões, como tiros e facadas, mas em pessoas com
ataque cardíaco.